24 março 2009

Qual a definição de Deus?

Deus é eterno e infinito. Essas são as duas constantes em todas as principais definições sobre Deus escritas pela humanidade. Esse é o problema para definirmos Deus.

Ser eterno não quer dizer que é muito velho, que resiste ao tempo, mas algo que transcende o tempo. O mesmo para infinito, não é algo muito grande, mas ausência de espaço. São dois conceitos de difícil compreensão, pois nossa mente processa estímulos baseados no tempo e no espaço, essa é a nossa realidade. Estamos condicionados ao tempo e ao espaço, é quase impossível compreendermos algo que esteja acima do tempo e do espaço.


Apesar de não acreditar que conseguiremos compreender fielmente a essência de Deus, pois estamos condicionados ao tempo e ao espaço, acredito que podemos nos aproximar muito. Uma analogia que exemplifica essa diferença de realidades é a representação em 2D de um objeto em 3D.


Exemplo: temos um copo. Eu o vejo por cima e você de lado. Eu vejo um círculo e você um retângulo. Qual das duas percepções está certa? As duas. Jamais conseguirei em 2D representar fielmente a realidade 3D, porém quanto mais pontos de vistas diferentes eu tenho, mais próximo da realidade estarei. Assim defini-se a primeira regra para a vida: primeiro compreender para depois ser compreendido, pois se compreendo seu ponto de vista, terei mais percepções, assim estou mais próximo da realidade que você.


Portanto, a definição de Deus começa com esses dois conceitos: eterno e infinito. Deus é algo que não é condicionado pelo tempo e pelo espaço. Assim, as qualidades de Deus são válidas tanto ontem, quanto hoje e amanhã. São verdades tanto aqui, quanto no outro lado do mundo. As qualidades de Deus são atemporais e universais.

Se Deus é a verdade e a origem da inteligência, seus atributos são irrefutáveis. Utilizo irrefutável para as qualidades nas quais não conseguimos com um mínimo de sinceridade argumentar contra. Precisamos de muito esforço mental para acreditar que a injustiça é melhor que a justiça, que a mentira é melhor que a verdade, porém momentaneamente podemos nos iludir para tentar justificar para nós mesmos as atitudes que reprovamos.

O quarto conceito é um resultado dos 3 primeiros. Deus é incondicional. Sua existência não depende do tempo ou do espaço. Suas qualidades não precisam de outros conceitos para justificar sua validade.


Assim a essência de Deus é: atemporal, universal, irrefutável e incondicional. Seu conceito se mantém válido ontem, hoje e amanhã. Tem valor tanto aqui, como no outro lado do mundo. Agir fundamentado por esse conceito não exige explicações, é justificável. Perceba que quando fazemos algo que reprovamos precisamos de diversas explicações para tentar justificar, nos eximir das culpas. É incondicional, pois é um princípio, um conceito que origina outros conceitos.


De todos os conceitos existentes o que melhor se encaixa nessas definições é o Ágape, amor incondicional.

"Ninguém jamais viu a Deus, mas se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e em nós é aperfeiçoado o seu amor. Nisto conheceremos Deus..., pois Deus é Amor" I João 4:19

Não falo do sentimento do amor, do desejo do amor. É fácil sentir carinho por aqueles que te tratam bem. O amor de sentimento é apenas uma resposta condicionada pelo estímulo que recebemos do outro, qualquer animal pode amar assim. O amor de desejo é para suprir uma carência, um vício.

Explicação: Os receptores nas células para os neuro-peptídeos (que despertam as emoções) são os mesmos receptores das drogas, assim da mesma forma que nos viciamos numa substância, podemos nos viciar numa emoção. O corpo quando vivencia repetidamente uma mesma emoção, torna-se viciado. O que acaba influenciando a pessoa nas suas escolhas, levando-a a optar pelas situações em que vivenciará as mesmas emoções. Assim por mais que tenha opções perde a liberdade para escolher, você está dependente.

Exemplo: Uma pessoa que casou cedo e passou vários anos casada. Por pior que tenha sido a qualidade do seu relacionamento, dificilmente essa pessoa conseguirá ficar sozinha, pois está viciada na emoção despertada pela Oxitocina (substância liberada nos contatos físicos entre amantes, a mesma liberada pelo chocolate. Entendeu por que uma mulher quando está sozinha come chocolate?). Essa pessoa jamais ficou solteira na vida, porque antes estava com os pais, depois com seu marido. Ao ver-se solteira busca desesperadamente alguém para suprir sua solidão (liberar sua dose diária de oxitocina), mesmo que seja num relacionamento de baixa qualidade. Para percebermos o potencial destruidor de um vício é só lembrarmos das mulheres e homens que se prostituem e roubam para conseguir sua dose. Dentro desse contexto, fica muito difícil afirmarmos que essa pessoa fez uma escolha livre (incondicional), pois é dependente de um relacionamento, mesmo que este represente uma diminuição no seu valor próprio. Claramente uma pessoa nessa situação, agindo dessa forma, não está em amor, no máximo está vivendo o desejo do amor.

Não falo do sentimento do amor ou do desejo, mas de algo maior. Algo que liga as pessoas incondicionalmente a alegria ou tristeza (sentimentos bons ou não), saúde ou doença (situações boas ou não), até que a morte os separe (transcendendo o tempo). Falo de um nível de amor na qual TER um corpo humano não garante que viva esse amor. Antes de tudo devemos SER humanos, realizar nosso potencial de liberdade de escolhas, evoluirmos em nossa humanidade para que possamos realizar a incondicionalidade do Amor.

"No AMOR não há medo, antes o perfeito AMOR lança fora todo o medo, pois o medo trás consigo a culpa e quem tem medo não está em AMOR" I João 4:21

Quando vivenciamos o amor incondicional sentimos PAZ.

I Corintios 13
"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 2 Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. 3 Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimadob, se não tiver amor, nada disso me valerá.
4 O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. 5 Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. 6 O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. 7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. 9 Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; 10 quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. 11 Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. 12 Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido.
13 Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.


Agora conheço (o amor) em parte... porém acho que o conheço perfeitamente. Somente se percebermos e nos permitirmos viver o amor incondicional, o que é imperfeito (carências, medos, solidão) desaparecerá. E assim poderei conhecer a plenitude da incondicionalidade do Amor.

O difícil é
deixarmos uma situação em que conhecemos (amor condicional, baseado no sentimento e na carência) e vivermos algo novo, diferentes, não-comum, que por mais que as pessoas sonhem, já deixaram de acreditar. O medo só se vence com a coragem para enfrentá-lo e buscarmos novas experiências em nossas vidas. É um risco em que apostamos tudo o que temos (metade ou menos do amor) para possivelmente perder tudo ou viver a plenitude do Amor, ser inteiro. E só depois encontrar a segurança que desaparece com os medos.