15 dezembro 2008
Teoria da Liberdade de Escolhas
31 janeiro 2008
A Força Motivacional
Livro Ética, de Baruch de Spinoza (1632-77)
Como posso agredir aqueles que amo? Como posso fazer algo que reprovo? Se a pessoa acredita em fidelidade por que ela trai? O que nos leva a fazer tantas coisas nas quais nos arrependeremos? Se eu quero viver, por que faço coisas que me matam aos poucos, como fumar? Se minha vontade quer algo por que faço coisas que me afastam do meu objetivo?
Numa analogia com a física, nosso destino é o resultado de um conjunto de forças que atuam em nossas vidas, tanto internas como externas. Nesse estudo analisaremos as forças internas que influenciam nossas escolhas, tendenciando ou limitando. O exemplo será a infidelidade num casamento, onde o infiel é uma pessoa que racionalmente quer ser fiel, mas sucumbe. A pergunta é: se racionalmente queremos algo por que fazemos diferente?
Concordando com o pressuposto de Spinoza, sobra-nos questionarmos: por que e como somos vencidos pelas causas externas? Quais forças participam dessa batalha? Quais as conseqüências de perdê-la? E como posso vencer?
Para um melhor entendimento desse estudo, partiremos de uma aspiração comum a todo ser humano: a felicidade. Não cabe aqui uma discussão sobre o que é felicidade, cada um tem seus valores que determinam o que trás felicidade para si. Porém, acredito que a essência da felicidade esteja na harmonia entre paz, alegria e prazer. Acredito que o principal deles é a paz, pois sem ela a alegria é curta e o sofrimento é longo.
Para entender o que é paz, feche os olhos e veja quais imagens, palavras e sons aparecem em sua mente. Branco, silêncio, tranquilidade e sentimento de segurança são as principais idéias associadas ao conceito de paz. Falta de paz é quando faço algo que não considero correto, faço algo contrário a minha essência.
Portanto, por mais que eu queira algo, não conseguo agir nesse sentido. Assim, sua vontade sucumbe a outras forças. Chegamos a conclusão que o que é vencida é a força de vontade. Nesse estudo nos restringiremos ao estudo dos componentes da força de vontade.
- A mais concisa e completa definição de ser humano é: animal racional. Possuímos um corpo animal e uma mente racional. É lógico a todos que se seguíssemos todos os nossos impulsos animais geraríamos vários problemas. Portanto nesse estudo o termo vontade refere-se as escolhas racionais e aspirações os desejos que produzem boas conseqüências.
Toda força possui dois elementos básicos: direção e potência. A direção é determinada pelo objetivo. O tamanho da potência é definido pela força da motivação. A vontade é realizada numa ação. Com isso, encontramos os três componentes envolvidos na força de vontade: o pensamento, responsável pela escolha da direção; a emoção, principal componente motivacional; e o comportamento, a ação gerada.
A parte mais prática e perceptível desse processo são as conseqüências dos comportamentos. E quando conseguimos identificar a relação causa-conseqüência dos efeitos não desejados, faz-se necessário o uso da força de vontade para mudar o comportamento.
- Para um melhor entendimento da possibilidade e as condições necessárias para a mudança de um comportamento, ler os estudos: fundamentos da liberdade de escolhas e níveis de liberdade de escolhas.
A tendência das pessoas é gastar suas energias tentando mudar somente os comportamentos.
- A técnica usada é a punição-recompensa, onde puno os comportamentos indesejados e recompenso os desejados. É a essência do adestramento animal.
Agem assim consigo e com os outros. Comigo reprimo meus impulsos e com os outros punindo ou recompensando as atitudes. Porém, essa não é a única variável em nossas atitudes.
Esquecem que o que pensamos influencia nossos sentimentos e nossos comportamentos. Nossos comportamentos influenciam nossos sentimentos e pensamentos. Como nossos sentimentos influenciam nossos pensamentos e nossos comportamentos. Da mesma forma que influenciam, eles reforçam. Há uma forte relação de interdependência. Portanto, quando os três estão desalinhados há um imenso desperdício de tempo e energia. Nesse ponto reside a principal dificuldade das pessoas. É necessário um esforço muito grande de ações repetidas por longo tempo para que o comportamento modifique o pensamento e o sentimento.
A interdependência não exclui a hierarquia entre os três. Por mais que comportamentos repetidos formem os sentimentos, é necessária somente uma experiência carregada de um forte sentimento para que se mudem os comportamentos. O mesmo acontece na relação do sentimento com o pensamento. Quando passo por uma profunda reflexão, o auto-conhecimento gerado pode mudar minhas prioridades e a nova convicção pode mudar meus sentimentos e comportamentos.
Cada um forma um nível na força motivacional: físico (comportamento), emocional (sentimentos) e mental (pensamento). Cada nível é decomposto em 2 vetores, fuga e busca. A fuga é motivada pelo medo e a busca pelo desejo. Os vetores são as forças componentes da motivação.
No físico são: fuga de dor e busca de prazer.
No emocional são: fuga de sofrimento (fracasso) e busca de alegria (sucesso).
No racional são: fuga de medo (insegurança, culpa) e busca de segurança (harmonia, paz).
Diagrama dos vetores da força motivacional
O resultado da combinação desses vetores define a direção e a força da motivação, em outras palavras, possuo uma motivação física, uma motivação emocional e uma motivação racional e o resultado forma a minha motivação geral.
Somente existe força de vontade quando a força motivacional está direcionada para aquilo que aspiro, ou seja, escolhi deliberadamente. Caso contrário a força de vontade sucumbiu às causas externas. Portanto, o desafio está em alinhar os vetores motivacionais na direção dos meus objetivos.
Atenuantes: a tendência é que a força desse vetor seja definida empiricamente, em outras palavras, minhas percepções das minhas experiências passadas formam a rede de relacionamentos desse vetor (Busca de Segurança) com os outros vetores. Nesse caso: no passado essa pessoa sofreu alguns casos de traição que provocaram um profundo sofrimento. A tendência é que o vetor Fuga de Sofrimento esteja posicionado em direção oposta ao Busca de Segurança e caso não haja nenhuma experiência positiva referente à fidelidade, o vetor Busca de Alegria não compensará a Fuga de Sofrimento, onde Fuga de Sofrimento possivelmente torne-se o principal vetor na composição da aspiração ser fiel.
- Que corpo você tem?
- Como reage emocionalmente as experiências?
- Quais valores sociais predominantes na sua formação e convívio e sua influência nos seus conceitos?
- Quais conhecimentos possui?
- Quais seus valores internos?
- Qual o seu domínio da capacidade de raciocínio?